sábado, fevereiro 16, 2013

GILBERTO SCHOEREDER FALA DA CABALA





http://comunidademensageirosdaluz.blogspot.pt/2012/11/o-poder-da-cabala.html

Gilberto Schoereder 
Revista Sexto Sentido nº 22
A sabedoria milenar da Cabala — inicialmente transmitida apenas de forma oral e a pouquíssimas pessoas — apresenta uma forma de interpretar as Sagradas Escrituras de forma a revelar conhecimentos ocultos nas palavras e que não podem ser compreendidos a partir de uma interpretação literal dos textos. Desta maneira, o Velho Testamento não é entendido simplesmente como um relato de acontecimentos ocorridos há milhares de anos, mas como uma das formas mais bem elaboradas e herméticas de transmissão de informações, que podem estar ao alcance daqueles que estudarem a decodificação dos símbolos.
Já houve épocas em que o estudo da Cabala era bastante restrito, o que está mudando um pouco nos tempos recentes. Para falar mais sobre esse conhecimento, a Sexto Sentido entrevistou o professor Shmuel Lemle, tradutor do livro O Poder da Cabala, e responsável pelo Centro de Cabala do Rio de Janeiro.

O senhor pode nos dizer o que é a Cabala?
A Cabala é uma antiga sabedoria espiritual baseada num livro chamado Zohar. A sabedoria do Zohar é universal — provê conhecimento e ferramentas para toda a humanidade, que são tão úteis hoje como eram há milhares de anos. Esse conhecimento e essas ferramentas podem ser aplicados por pessoas de todas as religiões e práticas espirituais. A Cabala proporciona a metodologia, instruções e ferramentas para ajudar as pessoas a alcançarem a auto-realização, a plenitude espiritual, e um fim para o sofrimento e o caos. O Zohar, escrito há 2 mil anos, explica os mistérios da vida e os códigos secretos da Bíblia.

Qual a relação — se é que existe — entre a Cabala, a religião judaica e as religiões que dela derivaram, como a católica?
O Zohar é um guia para a Bíblia que foi dada a Moisés no Monte Sinai, quando ele recebeu os Dez Mandamentos e a Torá. A Cabala explica os segredos e o verdadeiro significado das histórias da Bíblia, revelando sua sabedoria e espiritualidade, e sua intenção é ajudar a acabar com o caos que assola a humanidade. A Cabala era uma tradição oral originalmente estudada apenas por rabinos, mas seus ensinamentos, derivados do Zohar, eram para toda a humanidade, não importando a origem religiosa ou espiritual. Na verdade a Cabala nos ensina todos os porquês por trás da prática religiosa.

Como se chega ao estudo da Cabala? Como a pessoa se inicia?
O Centro de Cabala oferece cursos desde o nível iniciante até níveis mais avançados de estudo. O curso para iniciantes, chamado Introdução à Cabala 1, cobre assuntos como as origens do universo, o sentido da vida, e como transformar nossos hábitos negativos, reativos, em comportamento proativo. Os cursos mais avançados penetram nos estudos da vida após a morte, relacionamentos, desenvolvimento pessoal e crescimento espiritual. Outros cursos são dados sobre saúde e cura, como criar milagres na vida, oração e meditação, e a ciência da astrologia cabalística.

Antigamente se dizia que mulheres não podiam estudar a Cabala, e que quem estudasse antes dos 40 anos ficaria louco. O que o senhor tem a dizer sobre isso?
Se tentássemos explicar a uma pessoa que vivesse na Idade Média a idéia de um aparelho de fax, um telefone celular, ou mesmo da Internet, seriamos rotulados de místicos ou loucos. Hoje, todos nós temos acesso a esses avanços tecnológicos. As idéias da Cabala só podem ser transmitidas para todos agora, porque os avanços da ciência e da consciência nos proporcionam uma linguagem que torna os conceitos espirituais compreensíveis. Podemos falar de interconexão, porque a própria física quântica explica que todos os eventos estão interconectados. Antes não existia uma linguagem para falar sobre esses conceitos, por isso, a Cabala ficava limitada a poucos sábios por geração. Mas o próprio Rabi Isaac Luria, o Ari, que viveu há 500 anos, um dos maiores cabalistas que da História — a Cabala estudada hoje se chama Cabala Luriânica em sua homenagem — deixou este mundo com 38 anos. E no Zohar está escrito que na nossa época — a Era Messiânica, Era de Aquário, Nova Era, chame como quiser — até crianças de 6 anos devem aprender Cabala. Agora estamos prontos para receber a sabedoria cósmica do universo.

Existe mais de um tipo de Cabala, ou mais de um tipo de interpretação e aproximação à Cabala?
Existem algumas variações nas interpretações, mas basicamente toda Cabala estudada hoje vem do Ari, Rabi Isaac Luria, e se chama Cabala Luriânica. Existem também níveis de estudo da Cabala. O primeiro nível se chama Taamei Torá — o sabor da Torá — que é o que estudamos, e que pode e deve ser estudado até por crianças. O segundo nível é Sitrei Torá — a parte oculta. Para atingir esse nível o estudante precisa estar imbuído de um desejo tão grande de aprender que recebe uma revelação direta. Esse nível não pode ser ensinado diretamente, a pessoa tem que chegar no nível de receber a revelação.

Qual a relação entre Cabala e magia?
Algumas pessoas utilizam a Cabala como magia — isto se chama Cabala Maassit, Cabala prática. No Centro de Cabala não estudamos de jeito nenhum esse tipo de Cabala. É muito perigoso mexer com forças espirituais sem saber direito os efeitos colaterais que isso pode causar.

Como se desenvolve a compreensão do cabalista sobre Deus?
O cabalista fala na Luz Infinita. A Luz Infinita não é Deus, mas uma Energia Infinita que emana de Deus. O próprio Deus, segundo os cabalistas, nós não temos capacidade de compreender. A Luz é a Sua emanação, e é este nível que podemos atingir. Os diferentes nomes de Deus que aparecem na Bíblia, segundo os cabalistas, são denominações de diferentes níveis dessa emanação luminosa — as Sefirot. Cada nome está ligado a uma determinada Sefirá — ou um determinado nível de emanação da Luz. Quer dizer, os nomes não indicam o próprio Criador, que é totalmente inatingível, mas diferentes níveis de Suas emanações.

Existe alguma escritura sagrada da Cabala além das antigas escrituras? O estudo da Cabala é centrado em alguma escritura em particular ou em toda a Torá?
Como já dissemos, o principal livro de Cabala é o Zohar, escrito por Rabi Shimon Bar Yohai há 2 mil anos, decifrando os segredos e códigos da Torá. O Zohar foi escrito originalmente em aramaico, e o fundador do Centro de Cabala, Rabi Yehuda Ashlag, traduziu o Zohar por completo para hebraico moderno. Pela primeira vez, está sendo disponibilizada uma tradução completa do Zohar para o inglês. Em português ainda não existe uma versão do Zohar. Mas o primeiro livro de Cabala é ainda anterior à própria Torá. É o Livro da Formação — Sefer Yetzirá — de autoria do Patriarca Abraão. Em forma de código, este livro contém todos os segredos do universo e da Criação. Entre outras coisas, fala de astrologia e do poder energético das letras hebraicas.
O Zohar vai de acordo com a Torá e segue todo o Antigo Testamento, explicando o verdadeiro sentido de cada passagem. Mais tarde, há 500 anos, veio o Rabi Isaac Luria, o Ari, que trouxe uma metodologia mais compreensível para os ensinamentos do Zohar. Seus ensinamentos foram passados para a forma escrita por seu principal aluno, Rabi Chaim Vital, e pelo filho deste, Rabi Shmuel Vital, e se chama Kitvei Ari, os Escritos do Ari.
No século XX, o grande cabalista Rabi Yehuda Ashlag trouxe os ensinamentos do Ari para uma forma ainda mais próxima de nós, pessoas leigas, no Estudo das Dez Emanações Luminosas. Rabi Ashlag, fundador do Centro de Cabala, completou também uma tradução do Zohar do original em aramaico para hebraico moderno.
Os alunos de Cabala aprendem que a presença do Zohar em suas casas proporciona proteção espiritual. O simples fato de ler algumas linhas do Zohar produz um sentido de propósito e paz.
A Torá é o centro de todo o ensinamento. Mas o cabalista frisa o fato de que a Torá é um código. Não pode ser lida de forma literal, pois isto oferece uma compreensão completamente equivocada e contraditória. O trabalho do cabalista é decifrar o código por trás da Torá. O Zohar enfatiza uma crença fundamental da Cabala de que é uma obrigação analisar e questionar as histórias da Bíblia. Com a instrução do Zohar, os segredos dessas histórias são revelados e sua sabedoria pode ser usada para melhorar as vidas de todos.

Como o estudo da Cabala afeta o homem moderno?
Os estudantes aprendem respostas para como vencer o jogo da vida. Utilizando as ferramentas poderosas fornecidas pelo Zohar, o homem pode controlar o caos em sua vida e atingir a plenitude duradoura. Uma vez postos em prática os ensinamentos, os estudantes passam por mudanças positivas em suas vidas.

Qual a relação entre Cabala e ciência?
O cabalista Rav Berg, atual diretor do Centro de Cabala, costuma dizer que a ciência finalmente está alcançando a Cabala. De fato, é impressionante como os últimos avanços da física e da biologia se assemelham aos antigos ensinamentos dos cabalistas. Em busca de uma teoria que unifique a Relatividade de Einstein, que funciona para sistemas macroscópicos, e a Teoria Quântica, que se aplica ao mundo subatômico, a física moderna chegou à Teoria das Supercordas (Superstrings, em inglês). Sem entrar em detalhes, de acordo com essa teoria o universo tem dez dimensões, mas no momento do Big Bang seis delas se compactaram em uma, por isso, só percebemos quatro dimensões (três espaciais e o tempo). É exatamente o que ensina a antiga Cabala. Da mesma forma, a teoria genética, junto com a idéia do DNA, já era explicada de forma bem mais profunda pelos cabalistas. O Rav Berg costuma dizer que a Cabala é a ciência do século 25.

Qual o verdadeiro significado da Árvore da Vida segundo a Cabala?
A Cabala explica que há dois universos paralelos, duas realidades existindo lado a lado. A primeira é a realidade onde o caos predomina, onde existe a lei de Murphy, que diz “tudo que pode dar errado dará errado”. É o mundo dos altos e baixos, onde hoje está tudo bem, mas há completa incerteza quanto ao amanhã. Esta realidade é codificada na Bíblia como “A Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal”. Hoje está bem, amanhã está mal, e assim por diante. A segunda realidade é a Árvore da Vida. Neste nível da realidade, o caos não existe, a própria morte foi cancelada. É a realidade da nossa alma, da Luz plena, da plenitude total, da satisfação completa, da imortalidade. O que determina com qual das duas realidades nos conectamos é a nossa consciência.
Dentro de um entendimento mais profundo da Árvore da Vida, compreendemos que para a Luz Infinita poder se revelar num mundo finito, nos proporcionando o livre arbítrio, era preciso que existissem diferentes níveis de ocultação da Luz, desde um nível em que a Luz está totalmente revelada até o nosso nível físico, em que a Luz está oculta. Existem então dez níveis de revelação ou ocultação da Luz, que são as Dez Sefirot, formando a estrutura conhecida como a Árvore da Vida.

Segundo a Cabala, quais as funções espirituais do homem e da mulher?
A energia masculina é a energia de compartilhar. A energia feminina é a energia de receber. Tudo no universo tem essas duas forças, dar e receber, Luz e receptor. Quando um professor dá uma aula, está compartilhando com os alunos seu conhecimento. Neste caso, o professor é a Luz e os alunos são o receptor. O professor representa a energia masculina e os alunos, a energia feminina. Quando falamos, estamos revelando nosso pensamento. A fala é o receptor para o pensamento. Sem a fala o pensamento não poderia se expressar. Neste caso, o pensamento é a Luz, a energia masculina, e a fala é o receptor, a energia feminina. Tanto homem quanto mulher são formados pelas duas energias, masculina e feminina. Mas o papel do homem é mais de compartilhar e o da mulher é mais de receber e manifestar a Luz. O homem planta a semente dentro da mulher, que a alimenta e guarda, para fazer a gestação de uma nova vida. As duas energias se complementam, uma precisa da outra. A semente não se manifesta sem a Mãe-Terra. E a Terra não pode cumprir sua função de gerar vida sem a semente. Nenhuma energia é melhor ou pior, superior ou inferior que a outra, mas certamente as energias são diferentes, bem como suas funções.

Aplicação Prática:
Apesar do interesse mágico não constituir o centro dos estudos cabalísticos, a utilização da Cabala na magia despertou imenso interesse nos eruditos europeus, especialmente a partir do século XV. Nessa época surgiram muitas obras sobre o tema e também inúmeros cabalistas cristãos, como Pico della Mirandola, Johan Reuchlin, João Pistorius, Cornélio Agrippa e outros.
Muitos preferiram seguir pelo caminho da Cabala prática, a partir da concepção de que as letras e números em que estão escritos os textos sagrados não são apenas signos inventados pelo homem para registrar fatos e pensamentos, mas formas que contêm o poder divino — conforme explica o historiador Kurt Seligmann em seu livro A História da Magia. Assim, a compreensão da Cabala também se firmou como uma forma de exercer as artes mágicas, reconhecendo o poder das palavras.

Segundo Seligmann, o que ocorreu é que enquanto um bom número de eruditos cristãos se dedicavam à especulação metafísica, seguindo os passos dos letrados judeus, outros se sentiram mais atraídos pela aplicação prática dos conhecimentos apresentados nos livros cabalísticos.
É provável que o relato mais fantástico de uma aplicação prática esteja representado pela história do Golem, um ser artificial que teria sido criado em alguns momentos da história a partir do conhecimento cabalístico. A idéia básica é que, assim como Deus tinha criado através da palavra, também se poderia criar um ser artificial dessa maneira. No século XII, conta-se que a seita dos Chassidim elaborou 221 combinações diferentes utilizando as letras do alfabeto e, amassando uma quantidade de barro, tornou possível a criação de um homem, desde que a combinação exata de palavras fosse pronunciada. Para desfazer a criatura, bastava pronunciar as combinações invertidas. Um dos problemas do Golem era que ele crescia muito rapidamente, assumindo proporções de um gigante. Outra aproximação da lenda afirma que ele trazia a palavra emeth (verdade) escrita na testa, e para fazer com que a criatura deixasse de existir era só apagar a primeira letra, transformando a palavra em meth (morte).
As histórias também dizem que Elias de Chelm criou um Golem no século XVI, e que o ser começou a viver quando ele escreveu o nome secreto de deus em sua testa. Outro rabino, que também teria feito um Golem, foi Judah Löw bem Bezalel, de Praga, que o destruiu quando percebeu que ele não parava de crescer.
Algumas versões da lenda afirmam que o Golem era utilizado para realizar serviços domésticos; em outras, suas funções não eram tão superficiais, e o ser andava pelo mundo realizando façanhas e ajudando o povo judeu quando este se encontrava em dificuldades. A versão mais conhecida da lenda é a escrita em forma de ficção por Gustav Meyrink (O Golem, publicado no Brasil pela Ed. Hemus), mas ele também surge na obra de vários autores de literatura fantástica, como E.T.A. Hoffmann e Villiers de l’Isle-Adam, além de algumas adaptações para o cinema.
Postado por DINEI FAVERSANI às 7/20/2010 12:25:00 PM

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CABALA-III-LINKS & LINKS


AS FONTES MÍSTICAS PARA 2013

OS VÁRIOS LIVROS-FONTE
OS CÓDIGOS DA KABALLAH: VÁRIAS FORMAS DE DIZER O MESMO



1-1 - 95-06-22-eg> etienne guillé - lact> = lista aberta com texto para testes

22-6-1995

Conforme Eienne Guillé lembra, in « L'Énergies des Pyramides et L'Homme», página 147, o ser humano, segundo a Kaballah, compõe-se de 3 unidades:
Neshamah
Rouach
Nephesh

Neshmah é o espírito, quer dizer a razão
Rouach é a alma, quer dizer, a vontade
Nephesh é a parte instintiva do ser directamente dependente dos sentidos
O mecanismo de funcionamento é muito simples: a razão dirige a vontade que comanda a acção do ser físico através dos sentidos e, inversamente, as impressões recebidas pelos sentidos são conduzidas pela vontade à razão.

A alma universal da humanidade descrita pelos antigos egípcios sob o nome de
Hammamit
é constituída por 9 duplos binários de
IOOI
e
AQQA
É deles que são tiradas as 9 diferentes partes da alma, consideradas como envelopes ou véus envolvendo o espírito divino
Segundo os Kabalistas hebreus o
Khat
seria a parte inferior do Nephesh e corresponderia ao

Habel de Garmion (?)  Espírito dos Ossos

Esta parte da alma seria a última a deixar o corpo após a morte física. Ela aí ficaria, mesmo após a decomposição completa do cadáver até à degradação dos ossos.
***
--
(Posted by artigot to THE WAY at 6/22/2006 10:22:00 AM)

+

http://abismodaobscuridao.blogspot.com/2010/03/cabala.html


A origem etimológica da palavra Cabala encontra-se no hebraico como qabbalah e é comumente grafada de diversas formas:
Kabbalah,
Qabbala,
cabbala,
cabbalah,
kabala,
kabalah,
kabbala.
Originalmente, significa recepção ou recebimento, no sentido metafórico de "recebimento do ensinamento" ou "recebimento da sabedoria".

+
O estudo da Cabala pode ser dividido em duas partes.
A Cabala Teórica que tem por objetivo compreender o equilíbrio do universo pelo estudo das energias espirituais oriundas de Deus e dos códigos numéricos ocultos no texto original.
A Cabala Mágica que possibilita interferir em acontecimentos práticos através da meditação ou recitação dos nomes sagrados de Deus, expressos em 72 combinações de letras do alfabeto hebraico.
 

LINKS RELACIONADOS:

http://roadbook2.blogspot.com/2006/06/kaballah-95.html

http://abismodaobscuridao.blogspot.com/2010/03/cabala.html


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ALEXANDARE SAFRAN DIXIT: EXISTÊNCIA NASCE DA INEXISTÊNCIA



 
«SEGUNDO A QABBALA, A INEXISTÊNCIA É A FONTE ACTIVA DA EXISTÊNCIA.»

In Alexandre Safran, página 239

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GERSHOM SCHOLEM: O FIO DA MEADA

1-3- domingo, 29 de Dezembro de 2002-scan

TESOURO RESTITUÍDO
O FIO DA MEADA

[ Março de 1990] - Se a boa consciência das religiões(que se degradaram ao contemporizarem com o poder político e económico) é reencontrada na sua parte maldita, oculta ou esotérica, como demonstra até à exaustão o magnífico livro de Gershom Scholem sobre "A Cabala e a Mística Judaica" (Publicações Dom Quixote), não se compreende que alguns críticos e analistas, feitos directa ou indirectamente e com o poder político e económico, continuem no piedoso propósito (já nem sequer em nome do positivismo) de continuar caluniando as "ciências ocultas" ou "esotéricas” como a Astrologia, quando mais nada têm para dar em troca além do cancro tecnológico e da sida científica, como é o caso do livro, editado pela Presença, sobre "A Linguagem da Astrologia", assinado por um tal senhor Ugo Volli.

Se escolhemos estas duas obras para a página de hoje, não foi, portanto, pelas suas afinidades electivas, mas exactamente por se situarem em posições antipolares, diametralmente opostas  nos objectivos e no espírito com que foram elaboradas - mas, ao  fim e ao cabo, por força da mesma circunstância: a evidente e  irresistível atracção que o Fio esotérico de todos os tempos  (a Tradição Primordial Viva) continua a exercer numa cultura  exoterizada (com x) até ao delírio patológico da alienação e da autodestruição.


Quando faleceu, em 1982, Geashom Scholem era ainda professor da Universidade Hebraica de Jerusalém, o que lhe dava portanto responsabilidades na manutenção do sistema. Mas a sua análise intensiva do "espiritualismo judaico", desde o Talmude à Cabala, desde o "Livro do Génesis" ao "Livro do Esplendor" (Zohar), passando pelas ''Lamentações'' de Jeremias, pelos "Cânticos" de Salomão ou pelo "Cântico dos Cânticos", de modo nenhum se ressente dessa circunstância particular, pelo que temos, neste livro-chave , não só a obra de um erudito que dedicou sessenta anos da sua vida ao estudo da matéria, mas um apaixonante depoimento, quase manifesto, sobre o lado oculto de uma religião que o lado revelado francamente tornou pouco simpática à opinião pública mundial.

Sem se comprometer com o Establishment, Gershom Scholem acaba por prestar o serviço que se esperava dele:  o readquirir a tal "boa consciência” que uma religião perde, quando perde a virgindade e se entrega nos braços do poder económico e político para os fins que se podem supor.

A mística judaica, que levaria à construção da Cabala, um dos edifícios mentais (e nem só) mais enigmáticos e mais fascinantes que o homem soube construir, fica assim relativamente acessível àquele público que, embora sensível ao apelo do esotérico, acaba por ser arrastado pela forte corrente do marketing e dos «media», deixando-se totalmente submergir pelo dilúvio de filmes pró-sionistas que a televisão e o cinema lhe dão em  quantidades industriais e verdadeiramente bombásticas.

Aliás, houve já quem dissesse que o dilúvio bíblico é exactamente essa quantidade de filmes, histórias e historietas que, através da TV ou do cinema, com óscares ou sem óscares, conseguem insinuar sempre a mensagem pró-sionista que convém, nem que seja subliminarmente. Ou nem que, para isso, tenham de ressuscitar cem vezes ao mês o odioso e sinistro nome e perfil de Hitler.

Gershom Scholem, na obra “A Cabala e a Mística Judaica", coloca nas nossas mãos um dos ramos mais preciosos da Tradição Primordial viva (a que foi ensinada directamente pelos deuses, em transmissão directa e não diferida ) que teve maneira de se manter incólume, através das mais variadas vicissitudes temporais que ameaçaram a sua integridade e pureza. Sabemos agora como puxar o fio da meada.

 Conhecido assim através da sua mística, o judaísmo torna-se (imagine-se!) comestível, uma ideologia humana e humanista. Talvez por isso tivesse permanecido oculta... O que nos remete automaticamente para um problema histórico e filosófico que  está no centro da podre cultura contemporânea: como reconquistar sem degradar o tesouro precioso que se guarda nos arcanos da ciência esotérica( com s) de forma a contrabalançar o terror de uma ciência exotérica (com x) que, no nosso tempo, conseguiu levar a humanidade às vascas da agonia, ao limites extremos da Abjecção, da Ignomínia e do Aviltamento.

Fios de ouro como este que Gershom Scholem reata são um bom princípio para retomar o fio à meada. Assim se consiga perceber, na algazarra do marketing e dos "contadores de histórias;" da Carochinha, o que é e o que não é fundamental, o que é o que não é importante, o que perdura e permanece para lá do que muda (as modas que accionam o Lucro), para lá do que permanentemente morre.

Vivamente se recomenda este livro da Dom Quixote, numa colecção, aliás, que é toda ela, com as obras já publicadas de Julius Evola, René Guénon e Frithjof Schuon, um tesouro à disposição de todas as bolsas. " Tradição - Biblioteca de Esoterismo e Estudos Tradicionais" se intitula esta colecção, com que a Dom Quixote vai buscar lenha para se queimar, mas isso é lá com ela e já é outra história...

A título exemplificativo, devemos citar o capítulo em que o autor aborda o "Bem e mal na Cabala".

Se o leitor ainda tiver dúvidas sobre o inegável interesse deste livro e quiser ser "agarrado" (como num romance da  Patrícia Highsmith...) é começar por aí, onde Scholem atribui  o dualismo filosófico (fonte de todos os males) entre Bem e  Mal, não tanto à religião mazdeista e a Zoroastro (que têm tido as costas largas) mas pura e simplesmente a platónicos, neoplatónicos e sequelas aristotélicas.


 "O bem e o mal - escreve Scholem - não existem da  mesma maneira -- como a matéria e as trevas -- é apenas uma noção de um não-presente, de um ausente. Foi a tirania desta ideia poderosa que dominou durante séculos o pensamento árabe e europeu. O mal é o Nulo, é o que está na fronteira do Ser, na ponta mais extrema da cadeia das emanações, para falar neoplatonicamente; e à natureza luminosa corresponde a natureza tenebrosa e sem luz do mal, que não tem propriamente existência e só condensada e metaforicamente se deixa representar no discurso mítico  como algo que é."

Com esta citação, espero ter aguçado o apetite dos mais renitentes e ter dado uma amostra de que, mais do que um erudito e um livro académico, " A Cabala e a Mística Judaica" pode funcionar como um autêntico "brain storming" no nosso acanhadinho e escanhoadinho meio cultural.
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(*) Este texto de Afonso Cautela, obviamente 5 estrelas, não deve ter sido, por isso mesmo, publicado: ou se foi, não sei em que data dos anos 80. Adoptei a data de tipografia do livro:  Março de 1990

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CABALA-II-OS LIVROS NA BIBLIOTECA AC





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