domingo, fevereiro 08, 2009

PROSPECTIVA 1972

1-1 - quinta-feira, 24 de Abril de 2003
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PENSAR É PENSAR PROSPECTIVAMENTE

[(*) Este inédito de Afonso Cautela, apenas ingénuo, fica como uma data. Ou nem sequer]

Falar de Prospectiva é ainda, para alguns sorumbáticos e nostálgicos ruminadores de cadáveres, pouco menos do que uma infâmia. Para alguns, uma manobra subversiva; para outros, um colaboracionismo traidor com o invasor...Até há quem ligue a palavra Prospectiva com tendências marciais do pensamento, como se essa metodologia não pudesse, tal como qualquer outra técnica, ficar ao serviço do Bem e do Mal, inspirar-se numa ideologia de esquerda ou da direita (ou do centro), aberrar para um ou outro extremismo.
Fundamentalmente, a Prospectiva até se está nas tintas para a ideologia e então surge contra ela a acusação de "tecnocrática,".
“ Preso por ter cão e preso por não ter”. Quando não é por uma arreata é pela outra que se pretende levar o burrico ao nosso bebedouro.
Mas quem pense, terá de pensar em termos prospectivos. Toda a crítica - analisando um status quo indesejável por acomodatício e apelando para uma transformação (chame-se reforma, chame-se revolução) do que se acomodou - é Prospectiva.
E a provar que ela não entretenga de senhores técnicos ruminando uma cabala que ninguém entende ou de que a comunidade não retira o mínimo proveito, está por exemplo a carta que transcrevo a seguir, de um leitor à secção Opinião Pública do seu diário.
Dir-me-ão, por favor, se qualquer pessoa de bom senso não terá fatalmente que adoptar uma atitude prospectiva (quer dizer, lúcida) como a que estas palavras de um leitor ao seu jornal revelam:
"A propósito do mau tempo e dos seus efeitos na cidade de que os jornais tanto gostam de falar, convinha referir que nada mudou de há 25 anos para cá. Ou seja: há 25 anos já que se falava dos estragos da chuva e do vento nas mesmas zonas de Lisboa e arredores que hoje são cidades. Campo Grande, Praça de Espanha, Marginal, Linha de Sintra, etc. Toda a gente sabe que somos conservadores, mas não tanto... Temos de chegar à triste conclusão que nada, ou quase se fez para remediar a situação nessas zonas-vitimas.”
Isto é o que um leitor vê. O que qualquer de nós, raciocinando um pouco, vendo, olhando, concluiria. Mas só os técnicos não vêem nem concluem. Nem fazem. Nem deixam fazer. E ainda são capazes de ir dizer que a Prospectiva é um Papão que come meninos. Uma enxurrada que os leve!
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(*) Este inédito de Afonso Cautela, apenas ingénuo, fica como uma data. Ou nem sequer

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