domingo, março 30, 2008

MISERÁVEIS VELHOS

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De uma revista recolhida do lixo, transcrevo um texto do Jornalista Rui Pêgo sobre os nossos velhos miseráveis. Sem comentários.


««In revista «domingo», jornal «Correio da Manhã», 27 de Novembro de 2006


«FAZER O MÁXIMO
«Por Rui Pêgo
O país está encurralado. Portugal tem dois milhões de pobres, velhos na sua esmagadora maioria, desqualificados, irremediavelmente excluídos do futuro
«Jorge Sampaio escolheu os velhos para a sua última jornada presidencial. Não podia ter escolhido melhor. Os velhos são, certamente, a face mais sombria e miserável do país. E ao mesmo tempo a última reserva de equilíbrio, de estabilidade, de uma sociedade em transformação. São um peso tremendo para o Estado e, simultaneamente, muitas vezes, o único suporte sólido, estruturado, de filhos e netos. São uma força eleitoral temível mas socialmente irrelevante, sem uma efectiva capacidade de intervenção.
«Esta autêntica legião de doentes de doenças várias, quase todas crónicas, órfãos de afecto, que cresce a uma velocidade inquietante - dentro de menos de 50 anos o número de velhos será duas vezes e meia superior ao número de jovens -, está atascada em problemas: pobreza; nalguns casos extrema, iliteracia, também funcional, solidão. O país está encurralado. Portugal tem dois milhões de pobres, velhos na sua esmagadora maioria, desqualificados, irremediavelmente excluídos do futuro.
«Desgraçadamente, poucos responderam com consequência quando, há uns anos, o dr. Cavaco exortou a Nação a empenhar-se, garbosamente, na batalha da natalidade. Agora, com a crise, é muito mais difícil e capaz de ser tarde. De facto, desde 2000 que os velhos vêm a crescer em relação aos jovens até aos 14 anos; em 2004 já existiam mais de 108 idosos por cada 100 jovens desta faixa etária. Em 2050, estima-se, Portugal será o 4.° país mais velho da União Europeia. Como não se pode matar os velhos, como recorda Medina Carreira, a única solução para atenuar a gravidade desta realidade é crescer economicamente. O que, desgraçadamente, nós não temos conseguido. Também por isso, parece ainda mais importante a iniciativa do Presidente de querer inscrever o assunto na agenda política e suscitar um debate que ajude a encontrar soluções para quebrar o ciclo infernal que engole a maioria dos velhos: são excluídos porque são pobres e são pobres, cada vez mais pobres, porque são excluídos.
«A esperança pode estar no aumento da esperança de vida. E na chegada a este segmento da população de cada vez mais gente qualificada, com energia, capacidade de trabalho e sabedoria acumulada. Talvez esses novos velhos tenham o génio necessário para se manterem activos e arrastarem outros. Sampaio fez bem em dedicar-se aos velhos. Que, pelo visto, são o nosso futuro. E começou bem, o Presidente. Com uma mulher de 78 anos, feitos esta sexta-feira, que numa cadeira de rodas e há nove anos a viver sozinha, é o retrato de uma nova força que começa a despontar entre a "classe". A energia de Maria Helena Coelho, de Arroios, em Lisboa, perturba. "Procuro dentro daquilo que posso fazer, fazer o máximo", disse ela aos jornais. Sampaio comoveu-se. Também eu. Temos o futuro todo à nossa frente, é o que é!»»

KUNDERA & Cª

1-1 quinta-feira, 5 de Dezembro de 2002 - cucos-3-diario90

A METÁFORA ORGÂNICA E AS (MINHAS) IDEIAS
Lisboa, 18/Agosto/1990 - Era fatal. Agora que a metáfora orgânica surgiu como ideia-mestra da narrativa que me propunha (proponho) escrever, começo a ver essa ideia aproveitada e usada em tudo o que é escritor ou escriba, e por tudo quanto é sítio.Até um ensaísta como Edgar Morin, de formação científica tão ortodoxa e tão crítico relativamente aos vitalismos, tão certo dos dados exactos das ciências positivas, até ele usa a «metáfora orgânica» quando, na obra «Questões do Nosso Tempo» (1981), compara o sistema de uma teoria (ou de uma doutrina) a um sistema orgânico (um ecossistema) que cria as suas próprias autodefesas contra os «vírus» das influências e críticas, externas ou internas, exógenas ou endógenas.
Pensei que um ensaísta com as responsabilidades «escolares» de Edgar Morin não quisesse rebaixar-se à sedução de ver todo o cosmos (e todos os microcosmos) como uma enfiada de ecossistemas (tipo boneca chinesa), à tentação de usar símiles do corpo e dos organismos para analisar fenómenos políticos, ideológicos e sociais.
William Borroughs, no livro «Cidades da Noite Vermelha», desenvolve a mesma intuição - fazer passar todas as vivências, ideias e terrores pelo metabolismo. Mas em Borroughs trata-se de uma coincidência , de uma intuição fulcral ou crucial e não de um leit motiv ou de um fait-divers. Aliás, foi lendo as suas «Terras do Poente» que se me consolidou a ideia da importância do metabolismo, numa literatura de vanguarda, como aliás já o disse, há dias, a propósito de Rabelais e do seu gigantesco «Pantagruel».
Há, com Borroughs e Rabelais, uma identidade de objectivos, pensamento e sensibilidade que explica a coincidência e me lisonjeia.
Mas já me é muito mais difícil aceitar  que o senhor Kundera, no romance « A Imortalidade» (*) se divirta também com uma metáfora orgânica, ao contar a anedota ocorrida com o casal Salvador Dali-Gala: colocados, ao ir de férias, perante a perplexidade de não saber onde deixar um coelho de estimação que adoravam, Gala resolve realisticamente o problema dando de comer a Dali o coelho num delicioso guisado. «Deve comer-se o que se ama» é a lição moral que indirecta e vagamente Kundera extrai deste episódio, desta anedota surrealista.
Mas a questão em Kundera é se o melhor da sua literatura de consumo não serão as anedotas que ele conta ou invoca, nem que para isso tenha de as pedir emprestadas a Dali ou a Goethe. É que, mesmo para plagiar, há que estar naturalmente investido de autoridade moral e poética para o fazer, o que não me parece ser o caso de Kundera.
De qualquer modo, a ideia de um «canibalismo» latente em todo o acto de amor começa a escapar-me das mãos como uma intuição querida de tantos anos e que supunha minimamente original . Espero que escape de vez.

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LUGAR AOS AMIGOS

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segunda-feira, 1 de Agosto de 2005

ANTÓNIO QUADROS, O JORNAL «57» E EU

Data, pelo menos, de 1957, a amizade que me ligou ao escritor António Quadros.
Aceitou-me no jornal «57», que dirigia e onde colaborei com vários artigos.
No quinzenário «A Planície», de Moura, escrevi sobre um livro seu que muito me interessou: «A Angústia do Nosso Tempo e a Crise da Universidade» (1956).
É um dos documentos que deixo no meu site «O Gato das Letras», secção «Lugar aos Amigos» .
Mas os melhores documentos são manuscritos e dactilmanuscritos, dele e meus, que guardo para a história na pasta preta vulgaris, Nº 48 (bola azul) do meu espólio.
Além das cartas trocadas entre nós, há uma dactilografia minha, extensa, sobre o jornal «57», e que nunca talvez venha a saber se foi publicada: é provável que sim, porque se trata de uma cópia a papel químico do original
As minhas dissidências com a gente d’ A Planície, nunca com o Miguel Serrano mas com o núcleo do Porto que se tornou dominante no jornal, começaram exactamente por essa minha amizade com António Quadros. Para os esquerdistas meus «amigos» era proibido escrever sobre o filho de António Ferro e colaborar no jornal por ele dirigido.
Anos mais tarde, num dos meus muito desempregos, foi ele, como director das Bibliotecas Itinerantes da Fundação Gulbenkian, que me deu oportunidade de trabalhar na itinerante de Tavira.
Volto sempre a ler os seus livros, incluindo aqueles em que estuda a filosofia portuguesa e não preciso de dizer que concordo com a maioria das suas teses, correctíssimas num país de intelectuais desalmados, para não dizer de «estrangeirados» sem remédio.
Voltarei sempre que possível a reler o António Quadros, repertório inesgotável de ideias e lucidez inexcedível.
A sinopse biográfica de António Quadros ( 1923-1994) no quadro da filosofia portuguesa, pode ser visto no site do Instituto Camões:
http://www.instituto-camoes.pt/cvc/filosofia/1910g.html

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JOSUÉ DE CASTRO:APÓSTOLO DO 3º MUNDO




josué-1> notícias do futuro - releituras

JOSUÉ DE CASTRO E A URGÊNCIA DE MUDAR(*)

12-8-1970

Josué de Castro voltará a Lisboa neste mês de Agosto. Cidadão do Mundo, ele é hoje a grande voz da esperança que se levanta para falar ao presente dos futuros possíveis.
Desde que em 1951 escreveu «Geopolítica da Fome», o seu pensamento não cessou de evoluir, de acompanhar os acontecimentos e os pressentimentos, de propor cada vez mais interrogações de índole prospectiva.
E quando em Março último, Josué de Castro pronunciou em Lisboa, na Sociedade de Geografia, a sua comunicação sobre «O Futuro Biológico do Homem», não foi surpresa para nós que nela falasse tanto em mutação e em necessidade de mudança, não foi surpresa que um dos mais lúcidos críticos das trágicas carências do mundo contemporâneo olhasse o futuro e dele nos viesse falar, dele exigisse o método, a via, a solução e a salvação.
Entre a explosão demográfica e o sub-desenvolvimento, Josué de Castro vê agora o Terceiro Mundo como a definitiva aposta do homem. Ou mudamos (Josué de Castro falou insistentemente de mutação biológica) ou sucumbimos. O velho adágio «ou cresce, ou morre» é agora mais verdadeiro do que nunca e para o tornar mais nítido, mais óbvio, basta que à palavra «crescer» se acrescentem os seus mais urgentes sinónimos: desenvolver, progredir, evoluir, mudar.
Sem um esforço prospectivo de mentalização (a que Josué de Castro se consagra hoje com a fé do apóstolo, a inteligência do pensador e o rigor do cientista) para uma política planetária, o homem-enquanto-espécie encontrar-se-á no fosso sem saída de que já se anunciam os mais trágicos sintomas em matéria de destruição dos recursos naturais.
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(*) Este texto foi publicado no diário «O Século» (Lisboa) , na rubrica do autor «Etapas para o Ano 2000», em 14/8/1970, e no diário «Notícias da Beira (Moçambique), na rubrica do autor intitulada «Notícias do Futuro» , em 12/8/1970

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ETOLOGIA COM T

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quinta-feira, 3 de Maio de 2007

Já escolhi a especialidade que vou ter quando voltar na minha 669 ª reencarnação (espero que seja mesmo a penúltima): geomancia egípcia, que agora se chama arqueoastronomia, ou astroarqueologia, outra forma (mais simples) de explicar (ajustar) a hipótese vibratória de Etienne Guillé.
O meu primeiro e próximo DVD, da colecção «Banalidades de Base» que tenciono editar, será sobre estes itens. O segundo será sobre Etologia, a minha segunda especialidade quando cá voltar. Fica combinado. Desta vez e nesta reencarnação fui parar à ecologia, troquei o t pelo c. Porque afinal era mesmo Etologia a minha paixão.
Hei-de ser bom em alguma matéria, caramba!

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