sábado, fevereiro 23, 2013

DALAI LAMA: A ALMA DO TIBETE

domingo, 14 de Agosto de 2005

A ALMA DO TIBETE
«Choro sempre que posso.»
Richard Gere

Agradeço ao Canal História (Biography Channel) mais um reencontro feliz com o meu sublime companheiro de jornada, o 14º Dalai Lama.
Vi três vezes o documentário da CBS News, produzido por Patti Hassler e lamento não o ter em vídeo para o reler (rever) de vez em quando.
Se de videoteca do gato falamos, tenho de contar com os dois filmes de Hollywood citados no documentário «A Alma do Tibete» e que são:
«Kundun», de Martin Scorcese
«Sete Anos no Tibete», com o actor Brad Pitt e de que não me lembro aqui o realizador.
Outras pistas de viagem confirmadas na belíssima biografia da CBS: Richard Gere, o actor que é amigo pessoal do Dalai Lama;
Gandhi, uma das figuras adoradas pelo Dalai Lama;
Indira Gandhi e Pandit Nehru que, apesar de tudo, o acolheram na Índia e aos 100 mil refugiados.
***
Pela síntese que consegue e a grafia correcta de algumas palavras em tibetano (?), o texto da jornalista Sónia Correia dos Santos, no «Diário de Notícias» de 12 de Agosto de 2005, merece todo o destaque.
Até porque foi por ele que eu soube do documentário no Biography Chanel. Agradeço à Sónia e dedico-lhe esta página do meu blog.

««Dalai Lama Tenzin Gyatso nasceu em 1935, oriundo de uma família de camponeses, numa pequena aldeia situada no Nordeste tibetano.
Com apenas dois anos foi reconhecido como a reencarnação do seu predecessor. Os dalai-lamas são manifestações vivas do Buda da Compaixão, que tomou a decisão de renascer para servir, uma vez mais, a humanidade.
Dalai significa Oceano em mongol e Lama é Tibetano para alta reencarnação, e várias vezes referido por "Oceano de Sabedoria", um título dado pelo regime mongol à Altan Khan (o terceiro Dalai-Lama) e agora aplicado a cada encarnação.
Os dalai-lamas são mostrados como sendo a manifestação de Avalokiteshvara, o Bodhisattva da Compaixão, cujo o nome é Chenre-zig em tibetano. Bodhisattvas são seres de uma sabedoria elevada que se propuseram atingir o nirvana e escolheram renascer para servir a humanidade.
Apesar destas referências pelo mundo todo, os tibetanos, geralmente referem-se a Sua Santidade como Yeshe Norbu, a Jóia, ou Kun-dun, a Presença.
A cerimónia de reconhecimento do XIV Dalai-Lama teve lugar a 22 de Fevereiro de 1940 em Lassa, a capital do Tibete. Dez anos depois, quando a China invadiu o território tibetano, com apenas 16 anos e mais nove de estudos religiosos por completar, Sua Santidade teve que assumir o poder político total.
Em Março de 1959, durante o Levantamento Nacional do Povo Tibetano contra a ocupação militar chinesa, partiu para o exílio.
Desde então, tem vivido nos Himalaias, em Dharamsala, na Índia, sede oficial do Governo tibetano no exílio, uma democracia constitucional instituída em 1963.
Na última década, o Dalai-Lama tentou estabelecer o diálogo com os chineses. Propôs o Plano de
Paz em Cinco Pontos em 1987/88, que poderia ter estabilizado toda a região asiática, e foi louvado por estadistas e especialistas em legislação no mundo inteiro.
O 14.° Dalai-Lama, ao contrário dos seus antecessores, que nunca viajaram no Ocidente, continua as suas viagens à volta do mundo, apelando à bondade, à compaixão, ao respeito para com o meio ambiente e sobretudo à paz no mundo.
Para além de uma extensa bibliografia, o líder espiritual já recebeu vários prémios honorários nos diversos países em que discursou, sendo o mais importante de todos o Prémio Nobel da Paz, recebido em 1989, graças ao reconhecimento da Academia Norueguesa relativamente às tentativas e esforços do Dalai-Lama em benefício da paz mundial.
Tenzin Gyatso continua a exercer a sua função de líder espiritual do budismo tibetano, que nos últimos anos encontrou famosos seguidores, como Richard Gere.»»

Além das palavras-chave registadas no texto de Sónia Correia dos Santos, registo algumas outras:
100 mil refugiados
doutoramento da divindade
criação de uma nação (governo) no exílio
Pandit Nehru não compromete a Índia a apoiar abertamente o Tibete contra a China
Guerra sino-indiana
Religião é um veneno (mao-tse-tung)
Resistência activa não-violenta
Um homem só contra o Golias da China
Massacre da Praça de Tianamen
Escrituras tibetanas

Os livros relacionados que conservo na biblioteca do gato já se encontram registados em outra notícia deste blog intitulada «buda».
Também referi o Dalai Lama no meu site «gatodasletras».

 *

1-2 90-09-06-ls> leituras do afonso - quinta-feira, 10 de Abril de 2003- novo word - dalailam  > - notas de leitura

MILHÕES DE AMIGOS (*)


[(*) Este texto de Afonso Cautela foi publicado no jornal «A Capital», «Leituras de Verão», 6-9-1990]

24/8/1990 - Depois que lhe foi atribuído, o ano passado, o Prémio Nobel da Paz, o 14º Dalai Lama, chefe político e religioso do Tibete (país ocupado, há quatro décadas, pela República Popular da China), tornou-se uma figura popular, vedeta dos «media» e um escritor conhecido.
Ainda que não estivesse inédito em livro, pois circulavam várias obras suas, em diversas línguas ocidentais, sobre doutrina e prática budista, só depois do Prémio Nobel essas obras passaram a ocupar lugar de relevo nos editores e escaparates de todo o Mundo.
Entre as editoras mais atentas aos «novos ventos da História», a Pensamento de São Paulo (Brasil) tem marcado pontos. Nada lhe escapa de importante e de essencial. Longe vai o tempo em que se considerava medíocre a edição brasileira. Hoje, em matéria de vanguarda, bate aos pontos as melhores editoras de Lisboa e Porto.
É assim que acaba de surgir, quase na mesma hora em que saiu em Nova Iorque a edição norte-americana, « Bondade, Amor e Compaixão»(*), discursos do Dalai Lama nos E.U.A., compilados por Jeffrey Hopkins e Elizabeth Napper. Onde quer que ia e fosse qual fosse o País que visitava (numa peregrinação que em alguns aspectos se assemelha à do Papa João Paulo II) ele conquistava milhões de amigos para si, para o seu povo mártir e para o «dharma» budista. Agora, com estes discursos de larga influência que pronunciou para vastas audiências e abertos a todos os credos, ele conquistará também o coração de milhares de leitores, falando uma linguagem que, de tão universal e intemporal, já quase se encontrava esquecida do mundo contemporâneo.
Com efeito, a mensagem de Sua Santidade Tenzin Gyatso - denominação que hierarquicamente lhe é devida na ordem iniciática a que pertence - , não se destina unicamente a crentes budistas mas a todas as pessoas que acreditam na possibilidade de transformação do homem como indivíduo e membro da sociedade. Entre outros assuntos, o chefe do povo tibetano no exílio fala sobre adestramento e transformação da mente através da meditação, sobra as divindades do budismo tibetano e sobre a arte de captar, além das aparências, a verdadeira natureza das pessoas e dos fenómenos.
O organizador e tradutor desta colectânea, Jeffrey Hopkins, é professor na Universidade de Virgínia, onde rege um curso de estudos budistas, tendo acompanhado o Dalai Lama em suas viagens pelos E.U.A., Sueste da Ásia e Austrália.
De leitura também interessante para o grande público é a obra « Minha Terra e Meu Povo»(**), testemunho sobre as vicissitudes do povo tibetano, em resistência contra o invasor chinês desde 1950.
---------
(*)«Bondade, Amor e Compaixão», Décimo Quarto Dalai Lama, Editora Pensamento, São Paulo
(**)«Minha terra e Meu Povo», Décimo Quarto Dalai Lama, Editora Palas Athena, São Paulo
(*) Este texto de Afonso Cautela foi publicado no jornal «A Capital», «Leituras de Verão», 6-9-1990

Etiquetas: , , , , , , , ,