NIGREDOS AC 1994
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10-10-1994
HOJE ACORDEI MÍSTICO
E COM AMOR A TUDO O QUE É HUMILDE
Místico assumido, recordo outras mutações da adversidade. Recentemente, quando a maior crise de intestinos me fez encontrar o Pêndulo e a obra de Guillé, quando outra crise idêntica me fez encontrar a Macrobiótica, foi sempre o amor das coisas pequenas e simples e (mas) poderosas que me atraiu.
O Arroz ontem, o Chá de Vegetais Doces agora. Mas também esta esferográfica que me permite escrever a minha gratidão para com eles, este clip que me segura os papéis, esta maravilhosa caixa de folha onde guardo o relógio quando estou na praia. Esta praia pequena e por ser pequena, bela, sossegada, magnífica, e não ser grande. Que gratidão por esta lagartixa que me visitou hoje o rectângulo mágico como que a inaugurá-lo, por esta mosca esvoaçante mas que eu tenho de expulsar ou matar, por esta aranhinha que teima em viver e tecer a sua teia.
Se estou místico, é porque estou reconciliado com tudo, mas principalmente com o que é humilde, anónimo, insignificante, facilmente espezinhával pela minha arrogância, pela cegueira da minha arrogância.
E por isso fiz as pazes com a cadela Tracy. Por isso o vento que sacode a rulote é um berço de embalar como quando a minha mãe me embalava (terei tido berço alguma vez?). Mesmo aquele pimentão tão vermelho e tão forte, que me fez reaparecer a dor no intestino, o abendiçoo. E a máscara africana de que se disse tão mal lá em casa, como eu a amo, como eu lhe estou grato e tanto mais a amo quanto mais ela me agravou a dor nos intestinos, que me levou - como que empurrado -- ao Manuel Fernandes e deste a Etienne Guillé, como se seguisse o Fio Dourado do Pêndulo. Abençoados todos, meu Deus!
Praia Grande/Praia Pequena, Abril(?)/1992
Etiquetas: retrospectiva ac 1933
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