quarta-feira, janeiro 23, 2008

LIXO AC 1957

1-13393 caracteres - evª-57>publicad>domingo, 22 de Maio de 2005-> com os parêntesis rectos de auto-crítica, este texto é bastante significativo das distâncias que o tempo cria entre uma idade e outra idade da gente

6-3-1992

DA MENORIDADE À MAIORIDADE E VICE-VERSA

[ Como posso ter escrito tantos lugares-comuns? Trata-se ainda por cima de um texto publicado: E que raio de livro do Fidelino eu dizia que lessem nesta péssima imitação de António Sérgio moralista?]

Évora, 25 de Agosto de 1957 - Da Menoridade à Maioridade - É a altura de pedir à juventude culta que leia Fidelino de Figueiredo. Que o leia, agora e a propósito de acontecimentos recentes, em que mostrou tão insuficiente bojo moral para assinalar e julgar os actos dos outros [ alusão às críticas que me foram feitas por causa do jornal 57?]
Que o leia e paire à sua altura. Só aí [?] , à altura das ideias não transformadas em lacaios dos nosso inconfessáveis melindres, fraquezas e desabafos, vale a pena discutir. No plano em que muitos jovens intelectuais se opuseram [ os do Porto?] não é possível nenhuma conversa, quanto mais um entendimento.
Julgo que falta à maioria dos nossos poetas, escritores e artistas jovens [ sergianismo de terceira classe], além de uma cultura artística [ ? > que muitos se gabam de ostentar, uma cultura humanística que os integre numa mesma órbita [ ?] e numa mesma linguagem, sem o que será vã qualquer posição [ estilo prédica de púlpito] das que arrogantemente assumem quando os factos os obrigam, na sua torrente, a intervir, sem que, antes e depois desses actos, nada haja ou venha a haver pensado, escrito ou feito que demonstre algo mais do que os inveterados hábitos de preguiça mental [ nomenclatura impossível].
Todos somos livres de julgar o próximo [vulgaridade] e se há alguma luta preliminar que estejamos dispostos a manter [ em «nós» porquê?], contra tudo e todos, ela é o diálogo entre os homens; mas julgá-lo, com certo rigor crítico e minúcia na condenação [?] Nada de processos abreviados e de julgamentos sumários [ até que enfim uma frase que se pode ler].
Quando se corta relações com alguém, porque o achamos indigno da nossa camaradagem e em nome da liberdade o fazemos, muito estranho é que, na mesma carta, expressamente se determine que não se peçam explicações. O severo julgamento que definimos com a nossa decisão, tomada em inteira liberdade e em nome dela, o coarctamos logo a seguir. Pedia, por isso, a todos os que tão velozes, suspicazes e expeditos foram na condenação, no doesto e até na injúria, que reflictam, antes das pedradas, que leiam Fidelino de Figueiredo; que graduem e afiram a lupa judicativa segundo princípios morais que a inteligência ilumine e inspire; que distingam as grandes coordenadas do espírito humano e não as baralhem: o especulativo, a acção e o prático. .
Deus deu-nos liberdade [ ?] a todos os animais da criação; até às perdizes, às rãs, aos gatos e aos das letras e das artes que, com a desculpa da pedra filosofal, que nunca mais topam, ficam em menoridade mental e humana toda a vida.
Não vamos derimir pleitos de ideias com pedradas nem a cuspo como os gaiatos: Que isto é muito difícil de ver pelos epicuristas das nossas letras, que troçam de S. Francisco de Assis [ quem troçou?] e embora se digam insurrectos vão indo conforme convém, também não há dúvidas. Mas vamos ficar por isso à espera, uma vida inteira, à espera que cresçam?■